lunes, agosto 13, 2007

Un texto de Ramos Rosa

Antonio Ramos Rosa




António Ramos Rosa nació en Faro, Portugal, en 1924. Poeta, ensayista y crítico literario. En la década de 1950 dirigió las revistas literarias Árvore, Cassiopeia y Cadernos do Meio-Dia. Fue a partir de 1958 que se dio a conocer como poeta con Grito Claro. En 1976 recibió el premio de traducción de la Fondation de Hautvilliers. En 1988 le fue otorgado el premio Fernando Pessoa. Tiene sobre una treintena de poemarios publicados, entre los cuales se encuentran Viagem através de uma Nebulosa (1960), Sobre o Rosto da Terra (1961), Terrear (1964), A Construção do Corpo (1969), Nos Seus Olhos de Silêncio (1970), Não Posso Adiar o Coração (1974), Animal Olhar (1975) y A Imobilidade Fulminante (1998). Sus libros de ensayos son: Poesia, Liberdade Livre (1962), A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979 e 1980), Incisões Oblíquas (1987), A Parede Azul (1991) y As Palavras (2001).



Não posso adiar o coração


Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob as montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas


Não posso adiar este braço

que é uma arma de dois gumes amor e ódio


Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor

nem o meu grito de libertação


Não posso adiar o coração.

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