martes, diciembre 14, 2010

Não posso



Não posso adiar o amor para outro século

não posso


ainda que o grito sufoque na garganta


ainda que o ódio estale e crepite e arda


sob as montanhas cinzentas


e montanhas cinzentas






Não posso adiar este braço


que é uma arma de dois gumes amor e ódio






Não posso adiar


ainda que a noite pese séculos sobre as costas


e a aurora indecisa demore


não posso adiar para outro século a minha vida


nem o meu amor


nem o meu grito de libertação




Não posso adiar o coração.


 
António Ramos Rosa

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